Uma sequela comum após a
ocorrência de um trauma dental, a obliteração do espaço pulpar (PCO – Pulp Canal
Obliteration) ou metamorfose cálcica, também popularmente conhecida como
calcificação do canal, é caracterizada pela deposição de tecido duro dentro do
espaço do canal e presença de alteração cromática amarelada da coroa dental. Essa
obliteração do espaço do canal pode ocorrer de maneira parcial ou total.
Dentes com PCO geralmente são
assintomáticos e descobertos em achados radiográficos de rotina ou quando o
paciente e/ou profissional visualizam a cor amarelada da coroa dental e
desperta-se o interesse por uma investigação.
Muitos profissionais pensam que,
ao diagnosticar-se um dente com PCO, aquele dente necessitará de tratamento
endodôntico, o que não é verdade. Dentes que estejam assintomáticos e
radiograficamente não apresentem sinais de alteração periapical, a literatura
científica sustenta que o dente deva apenas ser monitorado rotineiramente com
radiografias periapicais, pois a necrose pulpar e as alterações periapicais não
são uma complicação comum nos casos de PCO. Muitos estudos indicam que a incidência
de necrose pulpar nestes dentes varia de 1-27%, o que geralmente pode ser
considerado muito baixo a incidência.
Mais de 75% dos dentes com PCO
estão livres de sinais e sintomas e não requerem nenhum tipo de tratamento, a
não ser manter a observação clínica e o acompanhamento radiográfico periódico
para monitorar a saúde dos tecidos periapicais.
O tratamento endodôntico não deve
ser realizado até que apareçam sintomas e sinais radiográficos de alteração
periapical!
O manejo destes dentes quando
requerem o tratamento endodôntico é sempre desafiador, pois a remoção do tecido
calcificado e localização da entrada do canal nem sempre é fácil, até mesmo
para os profissionais mais experientes e que trabalham com Microscópio
Operatório. Uma criteriosa avaliação da inclinação do dente na arcada e direção
do longo eixo do dente é fundamental no momento da realização do acesso
coronário para evitar desgastes excessivos do tecido dentinário e perfuração
radicular.
O caso clínico abaixo é de um
paciente jovem com 26 anos de idade e cuja queixa principal era de que “o dente
estava escurecendo”. A história dental passada mostrou realização de tratamento
ortodôntico durante 5 anos e nenhum histórico de trauma dental. Estava
assintomático e nenhuma alteração clínica identificada pelos testes clínicos, a
não ser a alteração cromática da coroa dental que se apresentava amarelada. Foram
realizados os testes de sensibilidade pulpar ao frio e teste elétrico, sendo
que ambos apresentaram respostas negativas (-), o que já era esperado diante da
presença da extensa calcificação do espaço pulpar que impede a chegada do
estímulo ao tecido pulpar. Os testes de sensibilidade pulpar não são confiáveis
na presença de PCO.
No exame radiográfico foi
identificado a Pulp Canal Obliteration – PCO e no estudo tomográfico cone-beam
(CBCT) tivemos condições de melhor avaliar a extensão da calcificação e avaliar
a saúde dos tecido periapicais. A decisão clínica foi de apenas realizar o
clareamento dental exógeno e manter o dente em monitoramento radiográfico a
longo prazo, conforme ilustração do fluxograma em cores vermelhas.
(Clique na imagem para aumentar)
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