segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Pulp Canal Obliteration – Quando monitorar e quando tratar o canal?

Uma sequela comum após a ocorrência de um trauma dental, a obliteração do espaço pulpar (PCO – Pulp Canal Obliteration) ou metamorfose cálcica, também popularmente conhecida como calcificação do canal, é caracterizada pela deposição de tecido duro dentro do espaço do canal e presença de alteração cromática amarelada da coroa dental. Essa obliteração do espaço do canal pode ocorrer de maneira parcial ou total.

Dentes com PCO geralmente são assintomáticos e descobertos em achados radiográficos de rotina ou quando o paciente e/ou profissional visualizam a cor amarelada da coroa dental e desperta-se o interesse por uma investigação.

Muitos profissionais pensam que, ao diagnosticar-se um dente com PCO, aquele dente necessitará de tratamento endodôntico, o que não é verdade. Dentes que estejam assintomáticos e radiograficamente não apresentem sinais de alteração periapical, a literatura científica sustenta que o dente deva apenas ser monitorado rotineiramente com radiografias periapicais, pois a necrose pulpar e as alterações periapicais não são uma complicação comum nos casos de PCO. Muitos estudos indicam que a incidência de necrose pulpar nestes dentes varia de 1-27%, o que geralmente pode ser considerado muito baixo a incidência.

Mais de 75% dos dentes com PCO estão livres de sinais e sintomas e não requerem nenhum tipo de tratamento, a não ser manter a observação clínica e o acompanhamento radiográfico periódico para monitorar a saúde dos tecidos periapicais.

O tratamento endodôntico não deve ser realizado até que apareçam sintomas e sinais radiográficos de alteração periapical!

O manejo destes dentes quando requerem o tratamento endodôntico é sempre desafiador, pois a remoção do tecido calcificado e localização da entrada do canal nem sempre é fácil, até mesmo para os profissionais mais experientes e que trabalham com Microscópio Operatório. Uma criteriosa avaliação da inclinação do dente na arcada e direção do longo eixo do dente é fundamental no momento da realização do acesso coronário para evitar desgastes excessivos do tecido dentinário e perfuração radicular.

O caso clínico abaixo é de um paciente jovem com 26 anos de idade e cuja queixa principal era de que “o dente estava escurecendo”. A história dental passada mostrou realização de tratamento ortodôntico durante 5 anos e nenhum histórico de trauma dental. Estava assintomático e nenhuma alteração clínica identificada pelos testes clínicos, a não ser a alteração cromática da coroa dental que se apresentava amarelada. Foram realizados os testes de sensibilidade pulpar ao frio e teste elétrico, sendo que ambos apresentaram respostas negativas (-), o que já era esperado diante da presença da extensa calcificação do espaço pulpar que impede a chegada do estímulo ao tecido pulpar. Os testes de sensibilidade pulpar não são confiáveis na presença de PCO.


No exame radiográfico foi identificado a Pulp Canal Obliteration – PCO e no estudo tomográfico cone-beam (CBCT) tivemos condições de melhor avaliar a extensão da calcificação e avaliar a saúde dos tecido periapicais. A decisão clínica foi de apenas realizar o clareamento dental exógeno e manter o dente em monitoramento radiográfico a longo prazo, conforme ilustração do fluxograma em cores vermelhas.
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