sexta-feira, 3 de agosto de 2018
Pino de Fibra de Vidro na Endodontia.
A Endodontia moderna preconiza que o profissional, especialista na área de tratamento de canal, execute a instalação dos pinos de fibra de vidro, quando houver indicação clínica para a realização desta etapa operatória.
Auxiliado pelo Microscópio Operatório e sob isolamento absoluto do campo operatório, o Endodontista assume o papel da instalação do retentor intraradicular com total segurança e controle dos procedimentos de qualificação dentinária e adesividade, proporcionando maior previsibilidade de sucesso.
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sexta-feira, 1 de dezembro de 2017
Rastreamento reverso da Fístula Odontogência.
Quando examinamos um paciente com presença de fístula, é
importante rastrear a sua origem através da inserção de um cone de guta-percha
na fístula e em seguida realizar um exame radiográfico. Por conta da radiopacidade
do cone de guta-percha, poderemos assim visualizar no exame radiográfico todo o
trajeto percorrido pela fístula até o seu ponto de origem. O rastreamento da
fístula é um método auxiliar de diagnóstico bastante útil.
Por vezes, de maneira não intencional, podemos fazer um
rastreamento involuntário do trajeto fistuloso, de maneira reversa, ao
realizarmos a obturação dos canais. O cimento endodôntico que extravasa para os
tecidos periapicais durante a etapa da obturação dos canais poderá percorrer o
trajeto da fístula no sentido inverso, ou seja, da origem ao ponto de drenagem,
demarcando assim, também pela radiopacidade do cimento endodôntico, todo o
caminho sinuoso percorrido pela fístula.
A imagem abaixo exemplifica o acima relatado.
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terça-feira, 7 de fevereiro de 2017
Obturação de Canais Acessórios após Retratamento Endodôntico.
“As
ramificações podem ser observadas em qualquer lugar ao longo do comprimento da
raiz, mas ocorrem mais comumente na porção apical e nos dentes posteriores. Em
73,5% dos casos, ramificações são encontradas no terço apical da raiz, em 11%
no terço médio e em 15% no terço coronal”. (Ricucci
D, Siqueira JF Jr. Fate of the tissue in lateral canals and apical
ramificationsin response to pathologic conditions and treatment procedures. J
Endod 2010;36: 1–15).
A
Associação Americana de Endodontia – AAE define Canais Acessórios como
sendo “qualquer ramo do canal principal ou câmara pulpar que se comunica com a
superfície externa da raiz” e Canais Laterais como sendo “um canal
acessório localizado no terço coronal ou médio da raiz, geralmente
estendendo-se horizontalmente a partir do espaço do canal principal”. Portanto,
o termo Canais Acessórios engloba os canais laterais e as ramificações
apicais.
Schilder
postulou que a limpeza e o preenchimento do canal principal com suas ramificações
são o principal objetivo do tratamento do canal radicular, mas a literatura
científica mostra através de trabalhos que os Canais Acessórios são
difíceis de serem limpos e obturados, sendo considerados como uma das principais causas de reinfecção do
canal radicular e de fracassos do tratamento endodôntico.
Ricucci
e Siqueira, no mesmo trabalho citado acima, fazem algumas considerações
baseados nos achados dos seus estudos: 1- o tecido pulpar dentro das
ramificações permanecem relativamente não afetados por instrumentos e irrigantes
após a preparação químico-mecânica, independentemente da condição
pré-operatória da polpa; 2- o material obturador que radiograficamente aparece preenchendo
os canais laterais e ramificações apical foi forçado para estas áreas, mas isso
de forma alguma indica que a ramificação esteja selada ou desinfectada; 3- as
bactérias localizadas em grandes ramificações podem atingir números suficientes
para causar ou manter a doença, sugerindo que outras estratégias, além de
encontrar uma técnica que distribua melhor o cimento ou a guta-percha para dentro
de ramificações, devem ser perseguidas para efetivamente desinfetar essas
regiões e otimizar o resultado dos tratamentos.
Como
endodontista clínico, tenho o entendimento que os canais acessórios são parte do
canal principal e, assim deveriam receber os mesmos cuidados de limpeza e desinfecção,
apesar das dificuldades em alcançar estas áreas, até mesmo porque não temos condições
clínicas de saber, previamente à intervenção nos canais radiculares, onde estão
localizados e quantos são os canais acessórios presentes em determinado dente.
Minha percepção clínica é de que, ao evidenciarmos radiograficamente o
preenchimento destas ramificações, oriundas
do canal principal, com o material obturador, poderemos aumentar a taxa de
sucesso do tratamento, apesar das pesquisas ainda não confirmarem em absoluto
este pensamento.
Neste
caso clínico, apenas o canal vestibular havia sido tratado e o retratamento endodôntico
iniciado por outro profissional que encontrou dificuldades na fase de
desobturação do canal (ver imagem radiográfica com presença de desvio) e então o
caso me foi encaminhado.
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Foi
realizada a desobturação do canal vestibular e com o auxílio do Microscópio
Operatório foi localizado o canal palatino que não havia sido tratado
anteriormente. Finalizada as etapas de modelagem e limpeza dos canais
principais, os mesmos foram obturados com a técnica de termoplastificacão da
guta-percha e o emprego do cimento AH Plus.
O
que torna mais interessante este caso é que os canais acessórios, evidenciados após
o preenchimento com o material obturador, estavam saindo justamente do canal
palatino que não havia sido tratado anteriormente e promovendo uma lesão óssea lateral.
segunda-feira, 30 de janeiro de 2017
Um pouco sobre Anatomia do Canal, Forame Apical e Patência.
Este caso clínico
serve para relembrar alguns pontos importantes da Endodontia que podem ser
determinantes para o sucesso no desenvolvimento de um tratamento endodôntico.
Anatomia do canal: o conhecimento da
anatomia do canal radicular é essencial para conseguir adequada limpeza e
modelagem, sendo que uma compreensão da configuração geral do espaço pulpar e
suas variações permite ao endodontista localizar, explorar, ampliar e
desinfetar com êxito todos os canais radiculares. Curvaturas nos canais
radiculares, sejam curvaturas simples ou dupla-curvaturas, podem dificultar o
processo de limpeza e modelagem dos canais, exigindo do profissional maior atenção
para preservar a trajetória original do canal e evitar ocorrência de acidentes
com os instrumentos utilizados no preparo dos canais;
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Forame apical: nem sempre a saída foraminal
será
coincidente com o ápice radicular, ou melhor dizendo, na imensa maioria dos
casos o forame apical está situado em uma posição que não é
coincidente com o ápice radicular, como mostra o trabalho de ElAyouti et al. no
Journal of Endodontics - Apical Constriction: Location and Dimensions in Molars
A Micro–Computed Tomography Study , em que identificaram que o forame estava
abaixo do ápice em 88% dos canais, e em 5% dos canais o forame estava a mais de
2 mm do ápice;
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Patência
foraminal apical: a obtenção e manutenção da patência
foraminal durante todo o processo de modelagem dos canais mantém o
forame livre de debris dentinários e tecido pulpar, auxiliando na
manutenção do comprimento de trabalho e diminuindo a possibilidade de ocorrência de bloqueios,
transportes, saliências e perfurações no canal, tornando mais previsível a obturação
em toda a extensão do canal.
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quarta-feira, 18 de janeiro de 2017
Artigo Científico: Falha de restaurações unitárias em dentes posteriores tratados endodonticamente: revisão sistemática.
Essa revisão sistemática focou em avaliar apenas dois
fatores de risco que afetam a sobrevivência de tratamentos restauradores em
dentes tratados endodonticamente:
1) quantidade de estrutura coronária
remanescente e
2) material restaurador utilizado.
Os autores reconhecem limitações na avaliação deste
estudo, entretanto, apesar das limitações, o estudo forneceu duas conclusões
principais a respeito das restaurações nos dentes posteriores tratados
endodonticamente: 1) Quanto maior a estrutura remanescente do dente, melhor
resultado do tratamento; 2) As coroas retidas por pinos parecem apresentar os
melhores resultados, seguido por coroas sem pinos e por último as restaurações
intra-coronárias.
Os autores concluem ainda que, consequentemente, as
cavidades de acesso endodôntico devem ser mantidas conservadoras para maximizar
a quantidade de estrutura remanescente do dente, o que por sua vez deve
determinar a escolha da restauração coronária final. Apesar da superioridade
das coroas retidas por pinos, as coroas sem pinos podem ser consideradas quando
existem três a quatro paredes remanescentes, enquanto que as coroas retidas por
pinos podem ser preferidas em dentes com uma a duas paredes remanescentes.
Outras
reconstruções protéticas podem ser consideradas em casos com menos de uma
parede, especialmente sem nenhuma férula.
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quarta-feira, 11 de janeiro de 2017
Pinos de Fibra de Vidro na restauração de dentes tratados endodonticamente.
Recente estudo publicado online no JOE (Journal
of Endodontics) em 07/12/2016 com o titulo Long-term
Clinical Outcomes of Endodontically Treated Teeth Restored with or without
Fiber Post–retained Single-unit Restorations , mostra a importância da utilização dos pinos de fibra de vidro em dentes que receberam o tratamento de
canal.
Neste trabalho os procedimentos endodônticos e
restauradores foram executados pelo mesmo profissional e abrangeu um período de
observação médio de 8,8 anos. Os dentes tratados endodonticamente, com ou sem
pinos de fibra de vidro, foram restaurados definitivamente com coroas unitárias
ou com restaurações diretas em resina composta.
Os resultados revelaram que os dentes tratados
endodonticamente que receberam a instalação de pinos de fibra de vidro tiveram
taxa de sobrevivência de 94,3%, enquanto os dentes quem não tiveram os pinos
instalados tiveram taxa de sobrevivência de 76,3%, diferença estatisticamente
superior e significativa. Além disso, o fato de os dentes tratados
endodonticamente com e sem pino de fibra terem recebido uma coroa unitária não melhorou o prognóstico quando comparado com os dentes que
receberam uma restauração direta com resina composta. De um
modo resumido, os dados revelados neste estudo mostram que os dentes restaurados
com pinos de fibra de vidro produziram uma perda de dentes significativamente
menor do que os dentes restaurados sem um pino de fibra, independentemente de
ter recebido ou não uma coroa unitária como reabiliatação final.
Este estudo traz também informações sobre as
fraturas. Em 9,7% de todos os dentes, a fratura radicular vertical foi a razão
para a perda dentária. De todas as fraturas de raiz vertical, 52,4% foram
observadas nas raízes mesiais de molares mandibulares sem o pino.
Nas entrelinhas deste trabalho, os autores deixam
a mensagem de que o endodontista deva realizar a instalação do pino de fibra de
vidro em ato contínuo a finalização do tratamento
endodôntico e no mínimo realizar uma restauração direta em resina composta
para evitar futuras complicações, tais como fraturas e/ou reinfecções do
sistema de canais.
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