sábado, 4 de abril de 2020

Quando a cirurgia apical é a melhor opção ao retratamento endodôntico convencional.

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O objetivo principal do tratamento endodôntico é prevenir ou curar a infecção periapical, a fim de promover a sobrevivência dos dentes a longo prazo, sendo que vários estudos tem relato alta eficácia dos tratamentos endodônticos, principalmente quando estes são executados por especialistas na área. Entretanto, existem casos que falham após o tratamento endodôntico, principalmente quando executados por clínicos gerais.

Nos casos em que há necessidade de retratamento dos canais, as opções de tratamento que existem, de maneira a manter o dente na cavidade oral, são: o retratamento endodôntico não-cirúrgico, também conhecido como retratamento convencional ou a cirurgia apical, cirurgia parendodôntica.

Como avaliação comparativa de resultado final, sobre qual técnica dará melhores resultados, o que será avaliado é: curou ou não curou a lesão apical?

Um estudo fez esta comparação por um período de 10 anos, entre casos que receberam tratamento com cirurgia apical e casos que receberam o retratamento convencional, e o resultado foi que não houve diferença estatística entre as duas modalidades de tratamento (Tooth Survival after Surgical or Nonsurgical Endodontic Retreatment: Long-term Follow-up of a Randomized Clinical Trial October 2018 Volume 44, Issue 10, Pages 1480–1486).

Entretanto, como tomar esta decisão de tratamento? Qual opção escolher? A resposta para esta pergunta depende de inúmeros fatores (tempo decorrido do tratamento, qual dente, quantidade de remanescente coronário, localização do dente, presença e tamanho de pino intraradicular, qualidade do tratamento endodôntico, presença ou não de corpo estranho no canal, qualidade da restauração coronária, etc...), mas a experiência clínica do profissional também terá um papel importante na tomada de decisão.

Neste caso em específico que apresento, o dente apresentava uma restauração coronária metálica, tratamento endodôntico relativamente satisfatório (densidade, ausência de vazios, adaptação) mas com presença de reabsorção inflamatória apical na raiz mesial, associado a presença de fragmento de instrumento endodôntico. Havia a indicação para realização de novo tratamento protético.

Normalmente, na rotina do Especialista em Endodontia, o retratamento endodôntico convencional vem quase sempre como primeira opção de tratamento, pois na maioria dos casos é observado a necessidade de melhorar a qualidade do tratamento endodôntico prévio, seja melhorando a desinfecção, seja melhorando a qualidade da obturação dos canais.

A opção por resolver este caso cirurgicamente foi devido a presença daquela reabsorção na região apical, pois haveria o risco de deslocamento de parte do material obturador do canal, juntamente com o fragmento de lima para os tecidos periapicais caso fosse optado pelo retratamento convencional. Ou seja, avaliei que o retratamento endodôntico convencional implicaria em riscos e apresentava um prognóstico duvidoso quanto ao resultado, além de ser mais trabalhoso e demorado, sem contar que o tratamento endodôntico prévio estava relativamente satisfatório. Deste modo, a via cirúrgica apresentava neste caso maior previsibilidade de resultado satisfatório. E foi o que aconteceu, como é possível verificar na sequência de imagens radiográficas da proservação pós-cirúrgica até que fosse obtido êxito no reparo ósseo completo.


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