segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Anatomia radicular como fator dificultante para localização de um canal não-tratado endodonticamente.

 (Clique nas imagens para ampliar)



O retratamento endodôntico é uma modalidade de tratamento que sempre nos reserva algumas surpresas, por mais minuciosa que tenha sido as etapas do diagnóstico e planejamento de execução do caso clínico.
Neste caso em específico, o próprio paciente trouxe a informação de que um canal não havia sido localizado quando da execução do tratamento inicial por outro profissional, o que provavelmente seria a causa da periodontite apical assintomática identificada radiograficamente.
Com a utilização dos recursos da Microscopia Operatória e do Ultrassom, a identificação de canais fica bastante facilitada, mas não foi o que aconteceu neste caso. Clinicamente, pela posição ocupada pelo material obturador, pude concluir que o canal ML havia sido tratado e o canal MV seria o canal que estava “esquecido”.
Os desgastes seletivos com pontas de ultrassom, através da visualização ampliada com o microscópio operatório, foram realizados na região MV com o objetivo de localizá-lo, mas o fator ANATOMIA se impôs e criou enorme dificuldade para identificar a entrada do canal. Na verdade a anatomia impediu a localização da entrada do canal MV!
Após esgotadas a possibilidade de encontrar o canal MV (foram consumidas 4 sessões de 1h30min) , respeitando os limites de desgastes realizados em profundidade até um ponto de segurança visual, afim de não provocar uma iatrogenia, decidi por realizar a obturação do canal ML, acreditando na existência de um grande istmo nesta raiz, até mesmo porquê o canal ML tomava uma direção que ia no sentido de encontro ao possível canal MV. Durante todas a etapas, foi empregado o recurso da ativação ultrassônica passiva (PUI) das substâncias químicas irrigadoras, bem como utilizado o emprego de medicação intracanal a base de hidróxido de cálcio.
Realizada a obturação dos canais com o cimento AH Plus, empregando a técnica de termoplastificação da guta-percha, o exame radiográfico final revelou a verdadeira anatomia da raiz mesial, mostrando que, pelo preenchimento com cimento do espaço correspondente ao canal MV, este se iniciava na região do terço médio da raiz, também início da curvatura radicular.
O paciente foi retornado ao profissional indicador para realização do tratamento protético e solicitado o retorno dentro do prazo de 6 meses para acompanhamento clínico-radiográfico do retratamento endodôntico.

2 comentários:

  1. Perfeito caro Marcel. Muito bem resolvido! Parabéns! Abraço.

    ResponderExcluir
  2. Neman, obrigado pelo comentario elogioso e pela visita ao Blog! Abracos

    ResponderExcluir