sábado, 9 de maio de 2009

O canal do incisivo central superior é reto?







Legenda:
1- Radiografia periapical inicial 17/02/2007
2- Radiografia periapical (destaque para o desvio/degrau)
3- Radiografia periapical (destaque para a curvatura do canal)
4- Radiografia periapical final 03/03/2007

Comentário:
“Fazer canal de incisivo é fácil!”. Este falso conceito a respeito dos incisivos centrais, inicia-se ainda nas primeiras aulas teóricas de anatomia endodôntica e na maioria dos livros que servem de referência para o estudo da anatomia dos canais radiculares, perpetuando-se esta idéia nas aulas práticas realizadas em dentes extraídos até chegar aos atendimentos clínicos com pacientes.
Durante toda a trajetória acadêmica aprendemos que os canais dos incisivos centrais superiores são retos e amplos e, portanto, fáceis de serem tratados ou retratados, até que nos deparamos na clínica com pacientes a serem submetidos ao tratamento endodôntico e aí descobre-se que tratar de incisivos não é tão fácil quanto possa parecer.Por que será?
Mas não disseram que o canal é reto, amplo e fácil? Por que têm-se dificuldades ou não se obtém sucesso no tratamento de alguns casos? Por que existem muitos incisivos centrais com necessidade de retratá-los? Por que acontecem iatrogenias nestes dentes?
Na maioria das vezes os canais são realmente retos (se for rigoroso, nenhum canal é reto!) e não apresentam nenhuma dificuldade em acessá-los e tratá-los adequadamente.
Além de avaliar se o canal é reto ou não, na radiografia inicial pré-operatória deve-se avaliar a inclinação do dente, assim como esta avaliação quanto ao grau de inclinação do dente deva ser feita examinando o dente no local, ou seja, em que inclinação encontra-se o dente na boca do paciente para que se obtenha uma correta orientação da abertura coronária.
Verifiquem num caso clínico que apresentei aqui no Blog recentemente (http://endodontiaavancada.blogspot.com/2009/04/perfuracao-radicular-apicetomia-com.html), onde o incisivo central era reto, o canal reto, mas a sua posição/inclinação na arcada não seguia o padrão “reto”, o que ocasionou uma perfuração radicular numa tentativa de desobturar o canal sem que fosse verificado o grau de inclinação do dente.
O caso apresentado acima mostra uma situação em que no dente 21 a coroa e raiz não seguiam o mesmo alinhamento no sentido longitudinal, bem como a raiz e canal eram curvos. Isto provocou dificuldades para que o profissional executasse o correto acesso ao canal radicular. Percebam que o dente 11 apresenta o famoso padrão de incisivo central: reto.
A não observação dos detalhes da anatomia radicular curva, bem como a não verificação do grau de inclinação do dente na arcada dentária levou a ocorrência de remoção excessiva de estrutura dentária, formação de desvio no canal radicular e por muito pouco não provocou uma perfuração na face vestibular da raiz.
Criar mentalmente uma visualização tridimensional da posição do dente na arcada é item importante para que possa dar início ao acesso coronário sem correr riscos de fazer desgastes excessivos da estrutura dentária, que podem resultar em perfurações. E lembrem-se: nem sempre os incisivos centrais superiores são retos!

5 comentários:

  1. Marcel,
    Engana-se quem pensa que é fácil fazer endodontia de incisivo superior. Além de como vc colocou nem sempre serem retos, se for feito um tratamento mal feiro pode levar a um escurecimento da coroa.
    Parabéns pelo post!
    Bjs e ótima semana

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  2. Oi Marcel, fantástico o seu blog e seus tratamentos,qd crescer, quero fazer endo assim. Muito bom mesmo. Abraços.

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  3. Parabéns! Seu blog é muito interessante. Vale lembrar que o maior indice de insucessos devido a tratamento mal realizados é no incisivo lateral superior. Devemos tomar bastante cuidado. abraços!!!

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  4. Ale,
    Na verdade, tenho visto muitos incisivos (centrais e laterais; superiores e inferiores) com necesidade de serem retratados endodonticamente. Um verdadeiro contrasenso, pois são tidos como os mais fáceis!
    O incisivo lateral superior que vc citou, realmente é um bicho papão que apresenta algumas surpresas, principalmente a sua curvatura apical disto-palatina.
    Grato pela sua participação e volte mais vezes!
    Abraços,

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  5. Muito legal o blog...Eu sou estudante de ciências biológicas e atual paciente prestes a fazer um tratamento de canal no incisivo central superior (21) e gosto de pesquisar sempre antes de me submeter a qualquer procedimento...E é muito interessante saber que não é assim tão simples e que há alguns que subestimam a complexidade desse tratamento em alguns pacientes. Vou procurar um bom endodontista, apesar de acreditar (pelas radiografias) que o meu canal é reto sim! Abraços!

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