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Desvendar e conseguir dominar a anatomia
dos canais radiculares é um dos maiores desafios para o profissional que é
Especialista em Endodontia ou qualquer um que se aventure a trabalhar com esta
especialidade. Apesar dos estudos anatômicos dos dentes mostrarem que existe um
certo padrão anatômico dos canais radiculares para determinados grupos de
dentes, muitas vezes somos surpreendidos com configurações anatômicas que
poderiam na verdade serem chamadas de “aberrações anatômicas”. O conhecimento e
experiência profissional adquiridos ao longo do tempo de prática clínica, bem
como a utilização das ferramentas de trabalho adequadas podem fazer uma enorme
diferença no resultado final de um tratamento endodôntico.
Não bastasse essa dificuldade
anatômica inerente aos canais radiculares, por vezes também somos desafiados em
situações clínicas em que os canais radiculares já sofreram intervenção inicial
por outros profissionais que não conseguiram localizar ou acessá-los (mesmo sendo
casos relativamente simples) , somando-se então mais um fator complicador para
a resolução clínica de um determinado tratamento endodôntico: a alteração da
configuração anatômica original do canal!
Sim, o que já era difícil de
lidar anatomicamente em determinadas situações clínicas torna-se então mais
dificultoso e trabalhoso, pois a tentativa anterior e mal-sucedida do outro
profissional provoca por vezes alterações na estrutura dental, seja removendo referências que poderiam guiar e
orientar, seja criando irregularidades ou obstáculos nas paredes dos canais radiculares.
Numa alusão ao dente com a sua
câmara pulpar e canais radiculares, onde o profissional sabe como é o seu
interior, seja através dos estudos anatômicos ou através dos exames de imagem
(radiografias e tomografia) realizados previamente à intervenção endodôntica,
imagine a sua casa com os seus respectivos cômodos, onde o morador que lá
habita no dia-a-dia é capaz de entrar mesmo à noite, sem luz, e ainda assim
saberá se orientar na direção da sala, da cozinha, dos quartos, etc... ,
desviando dos móveis e colocando em prática a sua percepção de espaço para
chegar num determinado ambiente sem que sofra acidentes. Intervir num dente já
acessado e manipulado com insucesso por outro profissional, é como entrar numa
casa que não é sua, à noite, no escuro, que você numa entrou lá e ainda por cima os
móveis foram espalhados de maneira desordenada pelos ambientes, todas as portas
foram fechadas, tudo de maneira a dificultar ou impedir o seu ingresso e avanço
naquele ambiente desconhecido. É com esta comparação grosseira que dá para
entender o que o profissional que assumirá o caso clínico enfrentará doravante!
Este caso clínico ilustra esta
situação descrito acima, onde 3 dos 4 canais presentes apresentavam desvios
e/ou obstruções que impediam o completo acesso a eles. Conforme é possível
visualizar nas imagens radiográficas, apenas o canal ML permaneceu inacessível
mecanicamente aos instrumentos endodônticos, mas ainda assim foi possível
conseguir preenchê-lo com material obturador, sugerindo que uma possível
limpeza química tenha sido alcançada. Apesar das dificuldades iniciais que o
caso clínico se apresentava, foi obtido um resultado satisfatório e com
prognóstico de bom resultado a longo prazo. É só esperar pelas futuras
proservações.
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