quinta-feira, 18 de junho de 2009

PROSERVAÇÃO: o tratamento acaba mas o caso clínico continua.




Legenda:
1- Radiografia periapical inicial
2- Radiografia periapical final
3- Radiografia periapical proservação

Comentário:
Fazer a proservação do tratamento endodôntico deveria fazer parte da continuação do tratamento. Os pacientes deveriam entender desta forma. Muitos profissionais deveriam também entender desta maneira.
Apesar de todos serem devidamente orientados, inclusive por escrito, a retornarem a cada 6 meses para realização de novas radiografias e exames clínicos, o índice de retorno dos pacientes é baixíssimo.
No meu entendimento, o sucesso do tratamento endodôntico só poderá estar caracterizado a partir do momento em que tiver sido realizado o acompanhamento periódico. O sucesso só poderá ser decretado depois de meses ou anos após a finalização do tratamento endodôntico, pois considero que a análise imediata de sucesso, no pós-operatório, deva ser encarada com cuidado e inúmeras restrições/limitações.
Ao receber um paciente para realizar uma consulta para proservação de um caso realizado há alguns meses ou anos atrás fico bastante alegre, pois ali está a oportunidade de verificar se a conduta terapêutica adotada foi exitosa e se o prognóstico estabelecido no início do tratamento foi alcançado ou até mesmo superado.
Fico frustado quando realizo um tratamento e não tenho a oportunidade de acompanhar o resultado a longo prazo. Fico realizado profissionalmente quando tenho a oportunidade de proservar um caso clínico, pois é somente desta forma que posso avaliar se a terapia endodôntica instituída obteve sucesso ou insucesso, ou seja, se o tratamento endodôntico realizado foi capaz de eliminar uma infecção ou de manter a saúde dos tecidos periapicais daquele dente envolvido no tratamento.
Apesar de me sentir realizado profissionalmente, nem sempre o ato de proservar me traz alegrias. Para este caso acima ilustrado, confesso que fiquei atônito e confuso ao ver a imagem radiográfica de proservação.
Será que fiz a radiografia do dente errado? Será que minha secretária trocara a ficha do paciente? Ou será que radiografei o lado errado? Será que não estou enxergando bem ou será verdade que a obturação dos canais radiculares sumiu? Como assim, sumiu!?!? Isto mesmo: S-U-M-I-U.
(Os norte-americanos utilizam o termo “SEPAROU” para dizer que uma lima quebrou dentro do canal. Eles viram para o paciente e dizem: “Sr, infelizmente a lima separou no canal”. Uma maneira bastante suave e menos impactante de dizer que a lima FRATUROU). Pois bem, na hora me veio na cabeça este termo: a obturação SUMIU do canal!
Na grande maioria das vezes, o que queremos com a proservação dos casos tratados endodonticamente é verificar se uma lesão apical está em fase de regressão, se houve o total reparo ósseo da lesão ou se, na ausência de lesões apicais, os tecidos periapicais conservam-se íntegros.
Teoricamente, proservar um caso que não tinha histórico de lesão apical e que receberia um tratamento restaurador e/ou protético seria desnecessário ou perda de tempo para muitos profissionais. Na prática, como fica demonstrado com a apresentação deste caso, acompanhar e verificar os casos que passaram por tratamentos restauradores e/ou protéticos é tão essencial quanto os casos com rarefação óssea apical, afinal de contas, o tratamento endodôntico terminou mas o caso clínico continua!

6 comentários:

  1. Muito bons os casos que estais colocando no Blog. Abraço.

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  2. ótimo blog!!! mas, abandonou?

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  3. Não, não foi abandonado. Em breve será postado mais casos. Obrigado!
    Araços,

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  4. Não acho que sumiu, acho que provavelmente quem fez a prótese desobturou além do necessário. Abraços

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  5. ola amigo, otimo blog!Acho muito bacana dividir as experiencias com os outros profissionais! Eu mesmo me encontro com um caso de sobreobturacao de um pre molar inferior. Quando fiz o rx da prova do cone nao havia extravasamento de guta,terminei o canl e liberei a paciente para posterior retorno pra reabilitacao com pino e cora.Por motivos pessoais, a paciente nao voltou ao consultorio passando-se assim quase 06 meses apos o final do canal. Quando ela apareceu radiografei e vi que o canal estava sobreobturada, a paciente nao realta dor, porem sente ligeira sensibilidade a percurssao vertical.tanto no rx inicial (antes do tto. endodontico) como no atual nao ha presenca de lesao periapical. Eis ai o ponto que gostaria de saber sua opiniao. Valeria a pena reabilitar esse dente sendo q ela sente sensibilidade a percursao vertical?? Meu receio é fazer ela perder tempo e dinheiro em algo que ela nao va conseguir usar. O que poderia fazer?

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  6. Difícil avaliar sem ver a imagem radiográfica, mas eu não realizaria nenhum procedimento protético sobre um dente que está sintomático! A saída seria retratar o canal de maneira convencional ou uma complementação cirúrgica. São muitas variáveis que pesariam nesta decisão.
    Abraços e volte sempre ao Blog

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