terça-feira, 1 de dezembro de 2020
segunda-feira, 30 de novembro de 2020
sexta-feira, 24 de julho de 2020
Tratamento de canal iniciado por outro profissional: o que já era difícil torna-se quase impossível!
(Clique na imagem para ampliar)
Desvendar e conseguir dominar a anatomia
dos canais radiculares é um dos maiores desafios para o profissional que é
Especialista em Endodontia ou qualquer um que se aventure a trabalhar com esta
especialidade. Apesar dos estudos anatômicos dos dentes mostrarem que existe um
certo padrão anatômico dos canais radiculares para determinados grupos de
dentes, muitas vezes somos surpreendidos com configurações anatômicas que
poderiam na verdade serem chamadas de “aberrações anatômicas”. O conhecimento e
experiência profissional adquiridos ao longo do tempo de prática clínica, bem
como a utilização das ferramentas de trabalho adequadas podem fazer uma enorme
diferença no resultado final de um tratamento endodôntico.
Não bastasse essa dificuldade
anatômica inerente aos canais radiculares, por vezes também somos desafiados em
situações clínicas em que os canais radiculares já sofreram intervenção inicial
por outros profissionais que não conseguiram localizar ou acessá-los (mesmo sendo
casos relativamente simples) , somando-se então mais um fator complicador para
a resolução clínica de um determinado tratamento endodôntico: a alteração da
configuração anatômica original do canal!
Sim, o que já era difícil de
lidar anatomicamente em determinadas situações clínicas torna-se então mais
dificultoso e trabalhoso, pois a tentativa anterior e mal-sucedida do outro
profissional provoca por vezes alterações na estrutura dental, seja removendo referências que poderiam guiar e
orientar, seja criando irregularidades ou obstáculos nas paredes dos canais radiculares.
Numa alusão ao dente com a sua
câmara pulpar e canais radiculares, onde o profissional sabe como é o seu
interior, seja através dos estudos anatômicos ou através dos exames de imagem
(radiografias e tomografia) realizados previamente à intervenção endodôntica,
imagine a sua casa com os seus respectivos cômodos, onde o morador que lá
habita no dia-a-dia é capaz de entrar mesmo à noite, sem luz, e ainda assim
saberá se orientar na direção da sala, da cozinha, dos quartos, etc... ,
desviando dos móveis e colocando em prática a sua percepção de espaço para
chegar num determinado ambiente sem que sofra acidentes. Intervir num dente já
acessado e manipulado com insucesso por outro profissional, é como entrar numa
casa que não é sua, à noite, no escuro, que você numa entrou lá e ainda por cima os
móveis foram espalhados de maneira desordenada pelos ambientes, todas as portas
foram fechadas, tudo de maneira a dificultar ou impedir o seu ingresso e avanço
naquele ambiente desconhecido. É com esta comparação grosseira que dá para
entender o que o profissional que assumirá o caso clínico enfrentará doravante!
Este caso clínico ilustra esta
situação descrito acima, onde 3 dos 4 canais presentes apresentavam desvios
e/ou obstruções que impediam o completo acesso a eles. Conforme é possível
visualizar nas imagens radiográficas, apenas o canal ML permaneceu inacessível
mecanicamente aos instrumentos endodônticos, mas ainda assim foi possível
conseguir preenchê-lo com material obturador, sugerindo que uma possível
limpeza química tenha sido alcançada. Apesar das dificuldades iniciais que o
caso clínico se apresentava, foi obtido um resultado satisfatório e com
prognóstico de bom resultado a longo prazo. É só esperar pelas futuras
proservações.
terça-feira, 14 de julho de 2020
Reconstrução e reforço intracoronário das paredes com resina composta previamente ao tratamento endodôntico.
(Clique na imagem para ampliar)
Este caso clínico ilustra uma situação em que, inicialmente, ainda na fase de diagnóstico, como é importante a realização de exames radiográficos em diferentes angulações, sendo que na tomada radiográfica distalizada foi possível visualizar com maior nitidez a amplitude da extensão da lesão cariosa, enquanto que na radiografia realizada na posição orto-radial a visualização da cárie estava sub-dimensionada.
A remoção do tecido cariado foi realizada com o auxílio do Microscópio Operatório, procurando preservar a integridade das paredes em esmalte das faces V e P, para logo em seguida proceder a realização do reforço interno destas paredes através da utilização de resina composta, preservando assim também a estética natural do elemento dental. A adoção deste procedimento de reconstrução e/ou reforço das paredes coronárias facilita e contribui para a execução de todas as etapas do tratamento de canal.
Após a realização deste procedimento restaurador/adesivo para proteger a estrutura coronária remanescente, foi dada sequência ao tratamento endodõntico com posterior cimentação de um pino de fibra de vidro. A recomendação final era que o indicador procedesse à realização de tratamento reabilitador protético com o objetivo de proteção das cúspides.
sexta-feira, 10 de julho de 2020
sábado, 11 de abril de 2020
Tratamento endodôntico de dente com risogênese incompleta: indução do fechamento do ápice radicular.
(Clique na imagem para ampliar)
Dentes jovens com risogênese incompleta são um verdadeiro desafio quando necessitam de tratamento endodôntico, pois o ápice aberto impõe limitações técnicas inerentes aos procedimentos de instrumentação dos canais e posterior obturação.
Realizar técnicas que induzam o fechamento natural do ápice radicular favorece a expectativa de permanência do dente na cavidade oral, pois aumenta a espessura das paredes da raiz e aumenta o comprimento radicular. Além disso, o fechamento apical favorece a realização da fase da obturação do canal, diminuindo assim o risco de extravasamento dos materiais obturadores para a região do periápice.
Neste caso clínico apresentado acima, foi possível promover o fechamento apical na raiz distal. Previamente a intervenção endodôntica, foi realizado o reforço das paredes internas fragilizadas pela cárie (esmalte sem suporte dentinário) empregando a resina composta, de maneira a preservar ao máximo a estrutura dental coronária e minimizar o risco de ocorrência de fratura dental durante a realização da terapia endodôntica. Ao final do tratamento endodôntico foi confeccionado núcleo de preenchimento com resina composta.
segunda-feira, 6 de abril de 2020
12° Congresso Internacional da Sociedade Brasileira de Endodontia - SBEndo 2020.
O 12° Congresso Internacional da Sociedade Brasileira de Endodontia - SBEndo acontecerá de 15 a 17 de outubro de 2020, na cidade de Goiânia, Goiás, Brasil.
As inscrições para o evento já podem ser realizadas no site Congresso SBEndo 2020.
0
comentários
Marcadores:
Congresso,
SBENDO
sábado, 4 de abril de 2020
Quando a cirurgia apical é a melhor opção ao retratamento endodôntico convencional.
(Clique na imagem para ampliar)
O objetivo principal do tratamento endodôntico é prevenir ou curar a infecção periapical, a fim de promover a sobrevivência dos dentes a longo prazo, sendo que vários estudos tem relato alta eficácia dos tratamentos endodônticos, principalmente quando estes são executados por especialistas na área. Entretanto, existem casos que falham após o tratamento endodôntico, principalmente quando executados por clínicos gerais.
Nos casos em que há necessidade de retratamento dos canais, as opções de tratamento que existem, de maneira a manter o dente na cavidade oral, são: o retratamento endodôntico não-cirúrgico, também conhecido como retratamento convencional ou a cirurgia apical, cirurgia parendodôntica.
Como avaliação comparativa de resultado final, sobre qual técnica dará melhores resultados, o que será avaliado é: curou ou não curou a lesão apical?
Um estudo fez esta comparação por um período de 10 anos, entre casos que receberam tratamento com cirurgia apical e casos que receberam o retratamento convencional, e o resultado foi que não houve diferença estatística entre as duas modalidades de tratamento (Tooth Survival after Surgical or Nonsurgical Endodontic Retreatment: Long-term Follow-up of a Randomized Clinical Trial October 2018 Volume 44, Issue 10, Pages 1480–1486).
Entretanto, como tomar esta decisão de tratamento? Qual opção escolher? A resposta para esta pergunta depende de inúmeros fatores (tempo decorrido do tratamento, qual dente, quantidade de remanescente coronário, localização do dente, presença e tamanho de pino intraradicular, qualidade do tratamento endodôntico, presença ou não de corpo estranho no canal, qualidade da restauração coronária, etc...), mas a experiência clínica do profissional também terá um papel importante na tomada de decisão.
Neste caso em específico que apresento, o dente apresentava uma restauração coronária metálica, tratamento endodôntico relativamente satisfatório (densidade, ausência de vazios, adaptação) mas com presença de reabsorção inflamatória apical na raiz mesial, associado a presença de fragmento de instrumento endodôntico. Havia a indicação para realização de novo tratamento protético.
Normalmente, na rotina do Especialista em Endodontia, o retratamento endodôntico convencional vem quase sempre como primeira opção de tratamento, pois na maioria dos casos é observado a necessidade de melhorar a qualidade do tratamento endodôntico prévio, seja melhorando a desinfecção, seja melhorando a qualidade da obturação dos canais.
A opção por resolver este caso cirurgicamente foi devido a presença daquela reabsorção na região apical, pois haveria o risco de deslocamento de parte do material obturador do canal, juntamente com o fragmento de lima para os tecidos periapicais caso fosse optado pelo retratamento convencional. Ou seja, avaliei que o retratamento endodôntico convencional implicaria em riscos e apresentava um prognóstico duvidoso quanto ao resultado, além de ser mais trabalhoso e demorado, sem contar que o tratamento endodôntico prévio estava relativamente satisfatório. Deste modo, a via cirúrgica apresentava neste caso maior previsibilidade de resultado satisfatório. E foi o que aconteceu, como é possível verificar na sequência de imagens radiográficas da proservação pós-cirúrgica até que fosse obtido êxito no reparo ósseo completo.
Nos casos em que há necessidade de retratamento dos canais, as opções de tratamento que existem, de maneira a manter o dente na cavidade oral, são: o retratamento endodôntico não-cirúrgico, também conhecido como retratamento convencional ou a cirurgia apical, cirurgia parendodôntica.
Como avaliação comparativa de resultado final, sobre qual técnica dará melhores resultados, o que será avaliado é: curou ou não curou a lesão apical?
Um estudo fez esta comparação por um período de 10 anos, entre casos que receberam tratamento com cirurgia apical e casos que receberam o retratamento convencional, e o resultado foi que não houve diferença estatística entre as duas modalidades de tratamento (Tooth Survival after Surgical or Nonsurgical Endodontic Retreatment: Long-term Follow-up of a Randomized Clinical Trial October 2018 Volume 44, Issue 10, Pages 1480–1486).
Entretanto, como tomar esta decisão de tratamento? Qual opção escolher? A resposta para esta pergunta depende de inúmeros fatores (tempo decorrido do tratamento, qual dente, quantidade de remanescente coronário, localização do dente, presença e tamanho de pino intraradicular, qualidade do tratamento endodôntico, presença ou não de corpo estranho no canal, qualidade da restauração coronária, etc...), mas a experiência clínica do profissional também terá um papel importante na tomada de decisão.
Neste caso em específico que apresento, o dente apresentava uma restauração coronária metálica, tratamento endodôntico relativamente satisfatório (densidade, ausência de vazios, adaptação) mas com presença de reabsorção inflamatória apical na raiz mesial, associado a presença de fragmento de instrumento endodôntico. Havia a indicação para realização de novo tratamento protético.
Normalmente, na rotina do Especialista em Endodontia, o retratamento endodôntico convencional vem quase sempre como primeira opção de tratamento, pois na maioria dos casos é observado a necessidade de melhorar a qualidade do tratamento endodôntico prévio, seja melhorando a desinfecção, seja melhorando a qualidade da obturação dos canais.
A opção por resolver este caso cirurgicamente foi devido a presença daquela reabsorção na região apical, pois haveria o risco de deslocamento de parte do material obturador do canal, juntamente com o fragmento de lima para os tecidos periapicais caso fosse optado pelo retratamento convencional. Ou seja, avaliei que o retratamento endodôntico convencional implicaria em riscos e apresentava um prognóstico duvidoso quanto ao resultado, além de ser mais trabalhoso e demorado, sem contar que o tratamento endodôntico prévio estava relativamente satisfatório. Deste modo, a via cirúrgica apresentava neste caso maior previsibilidade de resultado satisfatório. E foi o que aconteceu, como é possível verificar na sequência de imagens radiográficas da proservação pós-cirúrgica até que fosse obtido êxito no reparo ósseo completo.
quarta-feira, 1 de abril de 2020
Artigo Científico: Taxas de sobrevivência de dentes com tratamento endodôntico primário após colocação do núcleo/pino e coroa.
Em artigo publicado no JOE (Journal of Endodontics), cujo título é Survival Rates of Teeth with Primary Endodontic Treatment after Core/Post and Crown Placement, os autores tiveram como objetivo determinar o efeito da colocação tardia do núcleo/pino e coroa nos dentes que foram submetidos ao tratamento endodôntico.
Os dentes que necessitam de tratamento endodôntico normalmente já foram afetados por cáries, fraturas ou procedimentos restauradores prévios, o que por si só já compromete estruturalmente a resistência do dente aos esforços mastigatórios. Isto somado ao preparo cavitário de acesso endodôntico, diminui mais ainda a capacidade do dente resistir as forças oclusais, sejam elas funcionais ou parafuncionais. Sendo assim, é fundamental para a sobrevivência do dente a longo prazo, que seja realizado o mais breve possível a restauração definitiva do dente assim que finalizado o tratamento endodôntico.
Este estudo mostrou que a sobrevida a longo prazo dos dentes tratados endodonticamente foram afetados negativamente pelo retardo na colocação do pino/núcleo ou realização da cobertura total do dente com coroa protética.
Por isto preconiza-se que, ao final do tratamento endodôntico que o próprio Endodontista possa, em ato contínuo a finalização da terapia endodôntica, já realizar a instalação de um retentor intra-radicular e/ou confecção de um núcleo de preenchimento, o que diminui em muito a susceptibilidade do dente a sofrer fraturas e aumenta significantemente a sobrevida do dente a longo prazo.
Aqui no Blog Endodontia Avançada já postei outros 2 estudos sobre este tema relacionado a restauração pós-endodôntica: Artigo Científico: Falha de restaurações unitárias em dentes posteriores tratados endodonticamente: revisão sistemática. e Pinos de Fibra de Vidro na restauração de dentes tratados endodonticamente.
Os dentes que necessitam de tratamento endodôntico normalmente já foram afetados por cáries, fraturas ou procedimentos restauradores prévios, o que por si só já compromete estruturalmente a resistência do dente aos esforços mastigatórios. Isto somado ao preparo cavitário de acesso endodôntico, diminui mais ainda a capacidade do dente resistir as forças oclusais, sejam elas funcionais ou parafuncionais. Sendo assim, é fundamental para a sobrevivência do dente a longo prazo, que seja realizado o mais breve possível a restauração definitiva do dente assim que finalizado o tratamento endodôntico.
Este estudo mostrou que a sobrevida a longo prazo dos dentes tratados endodonticamente foram afetados negativamente pelo retardo na colocação do pino/núcleo ou realização da cobertura total do dente com coroa protética.
Por isto preconiza-se que, ao final do tratamento endodôntico que o próprio Endodontista possa, em ato contínuo a finalização da terapia endodôntica, já realizar a instalação de um retentor intra-radicular e/ou confecção de um núcleo de preenchimento, o que diminui em muito a susceptibilidade do dente a sofrer fraturas e aumenta significantemente a sobrevida do dente a longo prazo.
Aqui no Blog Endodontia Avançada já postei outros 2 estudos sobre este tema relacionado a restauração pós-endodôntica: Artigo Científico: Falha de restaurações unitárias em dentes posteriores tratados endodonticamente: revisão sistemática. e Pinos de Fibra de Vidro na restauração de dentes tratados endodonticamente.
Retratamento endodôntico com identificação do canal MV2.
(Clique na imagem para ampliar)
(Clique na imagem para ampliar)
(Clique na imagem para ampliar)
O sucesso do tratamento
endodôntico depende de uma adequada limpeza, formatação e obturação de todo o
sistema de canais radiculares. Muitos dentes podem não responder positivamente
a um tratamento endodôntico devido a erros de procedimentos em alguma ou todas
as etapas do tratamento, bem como podem estar relacionados a complexidade anatômica,
a morfologia dos canais.
Os molares superiores são um dos
dentes mais tratados endodonticamente no mundo, apresentam alta complexidade
anatômica e uma alta frequência de insucesso
relacionada aos canais MV2 que não foram localizados e nem tratados (missed
canals). Vários estudos mostram que estes canais “perdidos” têm um impacto
significativo no prognóstico do tratamento endodôntico, pois podem servir de
abrigo para microorganismos desenvolverem infecções.
Existem várias técnicas e
procedimentos para localizar e tratar o canal MV2, mas considero o estudo da
anatomia dos canais como item primeiro para se alcançar o êxito no tratamento
destes dentes, que apresentam potencial para apresentarem-se com canais extras
ou adicionais.
O estudo da morfologia anatômica
dos dentes e seus canais, o conhecimento da localização e porcentagem de canais
presentes em um determinado dente, é fundamental para que o profissional possa
saber o que, onde e como procurar por determinado canal. Conhecedor da
anatomia, o profissional pode assim lançar mão das técnicas e tecnologias
(microscópio, ultrassom, tomografia, etc..) para realizar o tratamento de
maneira eficiente e com probabilidade maior de alcançar o sucesso.
Neste caso clínico que apresento,
apesar de servir para ilustrar uma situação em que o canal MV2 não havia sido
localizado e nem tratado, é uma amostra também de que houve deficiência ou
erros de procedimentos durante a sua realização, pois percebe-se radiograficamente
que a qualidade da obturação dos canais MV, DV e P é deficiente: sem densidade,
sem adaptação, sub-obturados. Pode-se inferir portanto, que as demais etapas
anteriores à obturação do tratamento endodôntico (limpeza e modelagem) também
foram negligenciadas.
Para a realização deste retratamento
endodôntico, além das radiografias periapicais iniciais de estudo, foi
utilizado também o estudo tomográfico (tomografia computadorizada cone-beam - CBCT)
e os recursos do Microscópio Operatório e Ultrassom.
terça-feira, 31 de março de 2020
Utilização do plug de MTA em dentes com risogênese incompleta e necrose pulpar: relato de caso clínico amparado pela literatura científica.
(Clique na imagem para aumentar)
Neste artigo científico publicado, os autores avaliaram clinicamente e radiograficamente durante um período de 10 anos e chegaram a conclusão que o tampão apical com MTA foi uma técnica eficaz e bem-sucedida para o manejo em longo prazo desse grupo de dentes com polpas necróticas com desenvolvimento radicular imaturo e lesões periapicais (Mineral Trioxide Aggregate as Apical Plug in Teeth with Necrotic Pulp and Immature Apices: A 10-year Case Series August 2014Volume 40, Issue 8, Pages 1250–1254).
Os procedimentos convencionais de obturação do canal radicular são desafiadores em casos de dentes com polpa necrótica, ápices imaturos e lesões periapicais devido à ausência da constrição apical natural e à presença de contaminação por umidade. Nesses casos, o risco de extrusão dos materiais obturadores e a dificuldade no controle do selamento apical podem comprometer o resultado do tratamento endodôntico a longo prazo. O procedimento de apexificação com agregado de trióxido mineral (MTA) é um dos métodos mais confiáveis para o tratamento desses dentes. Criar uma barreira apical artificial com MTA é uma alternativa à apexificação em que se utiliza o hidróxido de cálcio (Ca [OH] 2), e essa abordagem pode oferecer um prognóstico a longo prazo mais previsível e melhor. Um plug apical de MTA promove o reparo apical e evita o extravasamento de material obturador e pode aumentar a resistência à fratura de dentes imaturos, como tem sido demonstrado por outros trabalhos publicados.
Neste caso clínico realizado por mim, o histórico do paciente apresentou relato de formação um abscesso periapical agudo. Ao exame clínico foi possível identificar a existência de restauração na região do cíngulo palatino e no exame radiográfico foi identificado uma projeção do cíngulo para o interior do espaço do canal radicular, sugerindo a existência de comunicação entre o meio externo e interno do dente. Seria um dens in dente? Vejam este outro caso já publicado aqui no Endodontia Avançada Dens in dente - Um desafio para o Endodontista.
Após os procedimentos de limpeza e desinfeção do canal radicular, inclusive com a utilização de medicação intracanal à base de hidróxido de cálcio, foi confeccionado um plug apical de MTA e o restante do canal foi obturado com guta-percha termoplastificada injetada. Para restauração do acesso coronário, foi empregado a resina composta Luxacore Z a fim de proporcionar também maior proteção do terço coronário radicular, minimizando assim possível ocorrência de fratura radicular nesta região, algo bastante comum de ocorrer em dentes que não tiveram sua formação radicular completada. Ao final do acompanhamento clínico e radiográfico pelo período de 1 ano, pode-se verificar completo reparo ósseo na região periapical.
0
comentários
Marcadores:
dens in dente,
Luxacore Z,
MTA,
plug apical,
reparo ósseo apical,
risogênese incompleta
Abscesso Periapical Crônico: 1 ano de acompanhamento clínico e radiográfico.
(Clique na imagem para aumentar)
Conforme a terminologia de
diagnóstico (pulpar e periapical) recomendada pela AAE - American Association
of Endodontists, o abscesso periapical crônico é uma reação inflamatória à
infecção pulpar e necrose caracterizada por início gradual, pouco ou nenhum
desconforto e descarga intermitente de pus através de um trato sinusal
(fístula) associado. JOE — Volume 35, Number 12, December 2009
A detecção de um dente com fístula
de origem endodôntica e sua via são convencionalmente avaliadas com uma
radiografia periapical e um cone de guta-percha introduzido em seu interior,
conforme já relatado nesta postagem anterior Rastreamento reverso da fístula odontogênica
Esta postagem é uma atualização
daquela postagem anterior, onde foi possível verificar a regressão completa da
infecção periapical após o período de 1 ano, desde que o tratamento endodôntico
foi finalizado.
segunda-feira, 30 de março de 2020
Retratamento endodôntico de molar inferior com anatomia dos canais da raiz mesial do tipo 2 (2-1) Vertucci e fratura de instrumento XP Clean.
Este caso clínico de retratamento
endodôntico ilustra uma situação em que as etapas de desobturação dos canais
radiculares foram realizadas sem maiores dificuldades. Para a remoção da
guta-percha de dentro dos canais, inicialmente foram utilizadas pontas de
ultrassom na porção coronária dos canais e em seguida limas manuais C-Pilot
associada com eucaliptol nos terços médio e apical. Após obtenção da patência
nos canais e realização da odontometria eletrônica, os canais foram
repreparados com lima rotatória Easy 15/05 e lima Reciproc 25/08.
Após finalizada a formatação dos
canais, foi empregado o instrumento rotatório XP Clean (MK Life) para auxiliar
nos procedimentos de limpeza dos canais radiculares. Este instrumento atua com
o objetivo de complementar os procedimentos de limpeza e desinfecção dos canais
através da agitação da substância irrigadora e contato mecânico com as paredes
internas do canal, removendo assim debris, micro-organismos e restos de material
obturador que ficam aderidos nas reentrâncias dos canais.
Durante a utilização da XP Clean
no canal MV, o instrumento fraturou e não foi possível realizar a remoção do
fragmento. As tentativas de remoção acabaram por “empurrar” o fragmento para
uma posição mais apical e mais curva do canal. Este acidente provavelmente tenha
ocorrido em função da morfologia dos canais MV e ML, que sem encontravam no
terço apical terminando em um único forame. Normalmente existe uma curvatura
abrupta no ponto de encontro destes canais (classificação Tipo 2 Vertucci) ou a
presença de istmos, sendo que provavelmente o instrumentou travou neste ponto
de encontro do canais e resultou na ruptura do instrumento. Outra possibilidade
para ocorrência deste acidente pode estar relacionada ao operador 😀 .
Sendo assim, optei por realizar a
obturação dos canais radiculares englobando o fragmento na massa obturadora
(guta-percha MK Life + cimento AH Plus) sem que houvesse nenhum prejuízo pra o
resultado final do retratamento endodôntico.
quinta-feira, 26 de março de 2020
Uso de pinos de fibra de vidro na Endodontia: Qual o comprimento de inserção do pino?
(Clique na imagem para ampliar)
Alguns dentes que foram tratados
endodonticamente podem requerer a instalação de pinos intraradiculares de fibra
de vidro. Esta é uma decisão clínica, que deve ser tomada em função de alguns
fatores relacionados a estrutura dental remanescente após finalizado os
procedimentos endodônticos. De um modo em geral, os pinos intraradiculares são
comumente utilizados quando o remanescente coronário dental não apresenta
suporte ou estrutura para retenção de uma restauração coronária, seja uma
restauração direta ou indireta.
A perda de estrutura dental
provocada pela cárie ou decorrente de um trauma dental, compromete muito mais a
resistência do dente do que o próprio tratamento endodôntico. Atualmente, os
endodontistas tem focado no sentido de preservar ao máximo a estrutura dental,
seja realizando acessos coronários conservadores, seja realizando a limpeza e
modelagem dos canais também de maneira conservadora, conservando ao máximo as
paredes dentinárias do canal sem comprometer a limpeza e desinfecção dos
canais.
Antigamente, quando se utilizava
os pinos metálicos, havia a preocupação com o comprimento de inserção do pino, com
o objetivo de aumentar a retenção e estabilidade do mesmo dentro do espaço do
canal. Com os pinos de fibra de vidro associado às técnicas e materiais
adesivos utilizados atualmente, os pinos não requerem que sejam inseridos em
grande profundidade no canal, por conta da técnica adesiva e do módulo de
elasticidade semelhante ao da dentina. Entretanto, se anatomicamente for possível
aumentar a profundidade de cimentação do pino e quanto mais for ajustado
anatomicamente ao formato do canal radicular, menor será a possibilidade de
ocorrência de falhas na retenção dos pinos de fibra de vidro.
O caso clínico apresentado acima
ilustra uma situação em que, no mesmo paciente, e em dentes vizinhos diferentes,
os pinos de fibra de vidro foram cimentados em extensões de profundidade
diferentes. No dente 11 foi possível cimentar o pino num comprimento maior do
canal, pois o formato anatômico do canal permitiu que assim fosse feito. Já no
dente 12, o pino foi cimentado numa extensão de profundidade menor, já que a
anatomia curva do canal (curvatura no sentido vestíbulo-palatino não
visualizada no exame radiográfico, mas clinicamente observada com o auxílio do
Microscópio Operatório) não permitia o avanço em maior profundidade,
respeitando-se então o limite imposto pela configuração anatômica do canal de
maneira a não provocar desgastes desnecessários na parede do canal e sem
comprometer a retenção do pino de fibra de vidro.
Assinar:
Postagens (Atom)