quinta-feira, 1 de abril de 2010

“O tratamento de canal não está finalizado até que o dente tenha sido restaurado definitivamente”


Eis o que acontece quando o paciente não segue as recomendações pós-operatórias. Triste e lamentável ver o tratamento endodôntico perdido após 2 anos de sua realização.
É sabido a importância do selamento apical (papel da obturação endodôntica) e muito esquecido a importância do selamento coronário para proteger a obturação endodôntica.
Cresce a cada dia entre os Endodontistas a prática de realizar a restauração definitiva ao final do tratamento endodôntico, justamente com o fim de evitar ocorrências como esta das radiografias postadas acima. O período de espera para que o paciente procure pelo dentista indicador para a realização do tratamento restaurador e/ou protético pode ser crucial para o prognóstico do tratamento endodôntico e até mesmo para o próprio dente.
Um conceito novo de "blindagem dental" vem sendo utilizado para designar o imediato e completo selamento coronário daquele dente que recebera um tratamento endodôntico. Trata-se de uma prática restauradora baseada na preocupação em selar imediatamente e definitivamente a abertura coronária, num ato operatório contínuo assim que os canais tenham sido obturados, de maneira a evitar ocorrência de contaminação ou recontaminação do espaço endodôntico.
Está com os dias contados a prática do Endodontista fazer somente o tratamento dos canais radiculares. Nos dias atuais, o Endodontista começa a assumir também a parte do tratamento restaurador definitivo empregando técnicas restauradoras adesivas simples ou até mesmo com o emprego de pinos intra-radiculares. A demora em cimentar definitivamente o pino oferece inúmeras oportunidades para que o espaço preparado para o pino seja contaminado por bactérias.
As condições assépticas praticadas durante a realização do tratamento endodôntico são frequentemente negligenciadas durante a preparação do espaço para o pino. Imperioso se faz o emprego do isolamento absoluto durante os procedimentos restauradores de um dente tratado endodonticamente, pois a ausência do isolamento absoluto pode potencialmente permitir o ingresso de fluidos orais e microorganismos para dentro do canal radicular, resultando em falha do tratamento endodôntico a curto prazo.
A grande vantagem para o Endodontista também realizar o ato operatório da restauração coronária definitiva, reside no fato de que este profissional está familiarizado com a anatomia dos canais e por aproveitar-se do isolamento absoluto empregado no tratamento endodôntico. Sem contar com o fato de haver uma maior previsibilidade no prognóstico do tratamento.

5 comentários:

  1. Mesmo que gere discussões quanto a área cinza criada entre os domínios da endodontia e da dentística restauradora e até mesmo da prótese, o compromisso com a manutenção da saúde deve ser colocado em prioridade absoluta. A "blindagem dental" trará benefícios indiscutíveis ao paciente! Excelente texto, parabéns.

    ResponderExcluir
  2. Olá Thais,
    Obrigado pela sua participação ativa neste tópico e pela sua visita ao Blog.
    Seu comentário é muito pertinente e resume de maneira precisa a mensagem do texto.
    Grande abraço e volte sempre!

    ResponderExcluir
  3. Casos com esse ocorre com muita frequencia pelos academicos que realiza varios procedimentos odontologicos na faculdade, onde o paciente tem o habito de procurar o dentista quando esta com dor e nao se preocupando em recuperar a sua saude bucal por completo. é preciso que o profissional oriente o paciente de que so o tratamento endodontico em si nao resolve por completo o problema do seu dente. é valido sempre na medida do possível que ocorra a inter-relaçao com as outras especialidades como dentistica,protose,etc. para ter que um determinado caso clinico tenha resolutividade.

    Lucas Mendonça Veras

    ResponderExcluir
  4. Lucas,
    Fico grato pela sua participação, comentando este tópico.
    Em todos os casos que realizo, os pacientes recebem ao final do tratamento endodôntico uma carta informativa que o orienta como proceder para a reabilitação daquele dente.
    Pena que nem todos os pacientes seguem as recomendações.
    Continue participando do Blog.
    Abraços!

    ResponderExcluir
  5. Realmente vou rever meus conceitos e criar o hábito de reabilitar meus tratamentos endodônticos.A confecção do pino intra radicular vai ser um caso delicado pois o protesista pode não concordar.Acho que só o tempo vai tornar essa prática um procedimento endodôntico e não protético.
    Um abraço.
    Wagner Viana

    ResponderExcluir