Na anamnese a paciente relatou ter realizado o tratamento de canal do elemento dental 46 e que já havia se passado cerca de 3 anos. Sua queixa principal foi que já faziam 6 meses que percebera uma tumefação apical rígida e que há cerca de 20 dias percebeu o surgimento de uma fístula no local.
Ao exame radiográfico periapical, foi possível constatar a deficiência do tratamento dos canais, a presença de rarefação óssea apical e reabsorção radicular inflamatória apical no elemento dental 46.
É sabido que em praticamente todos os dentes com polpa necrosada e periodontite apical (rarefação óssea) a reabsorção inflamatória está presente, mesmo que em grau diminuto de tamanho, fruto da presença de bactérias no interior do sistema de canais radiculares que desencadeiam uma reação inflamatória local no periápice.
Neste caso em específico, a imagem radiográfica inicial já sugeria a presença de contaminação bacteriana, dada a deficiência visível do tratamento endodôntico (falta de densidade e adaptação da obturação, e um dos canais não tratado) que fora executado há poucos anos atrás.
Por curiosidade clínica investigativa, resolvi radiografar também o elemento dental 36, já que a paciente relatou ter realizado também um tratamento de canal naquele dente na mesma época. Para a minha surpresa, pude constatar uma similaridade de caso clínico com o dente homólogo 46 (tratamento endodôntico deficiente, reabsorção radicular e discreta rarefação óssea apical).
Essa similaridade de aspectos radiográficos me fez acreditar que estas reabsorções apicais estivessem sendo também desencadeadas e estimuladas por um outro fator etiológico, e que não só as bactérias estivessem favorecendo a atividade clástica nas raízes, mas também um fator traumático: trauma por interferência oclusal.
Apesar de ciente da necessidade de realizar uma reintervenção endodôntica em ambos elementos dentais, a limitação financeira da paciente fez com que o retratamento endodôntico do elemento dental 36 fosse executado somente 2 anos e 3 meses após a conclusão do retratamento endodôntico do dente 46, momento este em que pude realizar a proservação do caso clínico do dente 46.
Tudo indica que o fator agressivo bacteriano tenha sido eliminado ou reduzido após as reintervenções endodônticas executadas nos dois elementos dentais. A ausência de fístula e a regressão parcial da lesão periapical do dente 46 é um bom sinal! Resta agora saber se o trauma oclusal também foi eliminado (outro profissional executou o tratamento protético), para assim favorecer a paralização das reabsorções e regressão total das rarefações ósseas. Vamos esperar por novas proservações clínicas e radiográficas.
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