segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Um pouco sobre Anatomia do Canal, Forame Apical e Patência.

Este caso clínico serve para relembrar alguns pontos importantes da Endodontia que podem ser determinantes para o sucesso no desenvolvimento de um tratamento endodôntico.

Anatomia do canal: o conhecimento da anatomia do canal radicular é essencial para conseguir adequada limpeza e modelagem, sendo que uma compreensão da configuração geral do espaço pulpar e suas variações permite ao endodontista localizar, explorar, ampliar e desinfetar com êxito todos os canais radiculares. Curvaturas nos canais radiculares, sejam curvaturas simples ou dupla-curvaturas, podem dificultar o processo de limpeza e modelagem dos canais, exigindo do profissional maior atenção para preservar a trajetória original do canal e evitar ocorrência de acidentes com os instrumentos utilizados no preparo dos canais;
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Forame apical: nem sempre a saída foraminal será coincidente com o ápice radicular, ou melhor dizendo, na imensa maioria dos casos o forame apical está situado em uma posição que não é coincidente com o ápice radicular, como mostra o trabalho de ElAyouti et al. no Journal of Endodontics - Apical Constriction: Location and Dimensions in Molars A Micro–Computed Tomography Study , em que identificaram que o forame estava abaixo do ápice em 88% dos canais, e em 5% dos canais o forame estava a mais de 2 mm do ápice;

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Patência foraminal apical: a obtenção e manutenção da patência foraminal durante todo o processo de modelagem dos canais mantém o forame livre de debris dentinários e tecido pulpar, auxiliando na manutenção do comprimento de trabalho e diminuindo a  possibilidade de ocorrência de bloqueios, transportes, saliências e perfurações no canal, tornando mais previsível a obturação em toda a extensão do canal.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Artigo Científico: Falha de restaurações unitárias em dentes posteriores tratados endodonticamente: revisão sistemática.


Essa revisão sistemática focou em avaliar apenas dois fatores de risco que afetam a sobrevivência de tratamentos restauradores em dentes tratados endodonticamente: 

1) quantidade de estrutura coronária remanescente e 
2) material restaurador utilizado.

Os autores reconhecem limitações na avaliação deste estudo, entretanto, apesar das limitações, o estudo forneceu duas conclusões principais a respeito das restaurações nos dentes posteriores tratados endodonticamente: 1) Quanto maior a estrutura remanescente do dente, melhor resultado do tratamento; 2) As coroas retidas por pinos parecem apresentar os melhores resultados, seguido por coroas sem pinos e por último as restaurações intra-coronárias.

Os autores concluem ainda que, consequentemente, as cavidades de acesso endodôntico devem ser mantidas conservadoras para maximizar a quantidade de estrutura remanescente do dente, o que por sua vez deve determinar a escolha da restauração coronária final. Apesar da superioridade das coroas retidas por pinos, as coroas sem pinos podem ser consideradas quando existem três a quatro paredes remanescentes, enquanto que as coroas retidas por pinos podem ser preferidas em dentes com uma a duas paredes remanescentes. 

Outras reconstruções protéticas podem ser consideradas em casos com menos de uma parede, especialmente sem nenhuma férula.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Pinos de Fibra de Vidro na restauração de dentes tratados endodonticamente.

Recente estudo publicado online no JOE (Journal of Endodontics) em 07/12/2016 com o titulo Long-term Clinical Outcomes of Endodontically Treated Teeth Restored with or without Fiber Post–retained Single-unit Restorations  , mostra a importância da utilização dos pinos de fibra de vidro em dentes que receberam o tratamento de canal.

Neste trabalho os procedimentos endodônticos e restauradores foram executados pelo mesmo profissional e abrangeu um período de observação médio de 8,8 anos. Os dentes tratados endodonticamente, com ou sem pinos de fibra de vidro, foram restaurados definitivamente com coroas unitárias ou com restaurações diretas em resina composta.

Os resultados revelaram que os dentes tratados endodonticamente que receberam a instalação de pinos de fibra de vidro tiveram taxa de sobrevivência de 94,3%, enquanto os dentes quem não tiveram os pinos instalados tiveram taxa de sobrevivência de 76,3%, diferença estatisticamente superior e significativa. Além disso, o fato de os dentes tratados endodonticamente com e sem pino de fibra terem recebido uma coroa unitária não melhorou o prognóstico quando comparado com os dentes que receberam uma restauração direta com resina composta. De um modo resumido, os dados revelados neste estudo mostram que os dentes restaurados com pinos de fibra de vidro produziram uma perda de dentes significativamente menor do que os dentes restaurados sem um pino de fibra, independentemente de ter recebido ou não uma coroa unitária como reabiliatação final.

Este estudo traz também informações sobre as fraturas. Em 9,7% de todos os dentes, a fratura radicular vertical foi a razão para a perda dentária. De todas as fraturas de raiz vertical, 52,4% foram observadas nas raízes mesiais de molares mandibulares sem o pino.


Nas entrelinhas deste trabalho, os autores deixam a mensagem de que o endodontista deva realizar a instalação do pino de fibra de vidro em ato contínuo a finalização do tratamento endodôntico e no mínimo realizar uma restauração direta em resina composta para evitar futuras complicações, tais como fraturas e/ou reinfecções do sistema de canais.